segunda-feira, 2 de março de 2009

Operação Valquíria


Reza a lenda que os filmes do Tom Cruise seguem um roteiro sempre adaptado para o próximo: ele é um canalha (ou algo próximo a isso), sofre um duro baque na vida e depois se regenera até a redenção no final do filme. Realmente, têm sido assim nas suas últimas incursões cinematográficas. Assisti Operação Valquíria e, graças, esse estigma parece ter quebrado. O baque que ele sofre é logo no início do filme, mas ele não é um canalha - ao menos, não o canalha de sempre. Arrependido por ser um seguidor de Hitler, ele entra num plano final de outros que pensam como ele para tirar o bigodinho do poder, e reerguer a Alemanha antes que o pior aconteça. E o pior, sabemos, aconteceu.
A atuação de Cruise é sempre a mesma, contida, o olhar obstinado, mas se supera nas partes do corpo que ele perde - não pensa bobagem, leitor, é o olho, uma mão e alguns dedos - e faz questão de mostrar (ou não!) no filme. Há, inclusive, cenas ótimas que ilustram bem esse fato. Não vou entregar, vá ver o filme. O bom elenco ainda conta com Kenneth Branagah, Bill Nighy, Terence Stamp e o sempre ótimo Tom Wilkinson. O que faz o Hitler, o desconhecido David Bamber, sinceramente, é fraco - depois de A Queda, acho difícil aparecer outro ator que faça um personificação impecável do Fuhrer como Bruno Ganz.
Voltemos à Valquíria. O que fica de maior mensagem é a humanização dos alemães, rotulados como nazistas durante muitos e muitos anos. Não dá para culpar quem acusa, nunca, mas como diz um velho ditado, toda unanimidade é burra. Uma das frases que mais emocionam no filme é quando um dos generais que quer tirar Hitler do poder diz que "temos que mostrar ao mundo que não somos todos como eles". Resume a orientação do filme e seu objetivo para o espectador - mostrar que nem todos os alemães eram seguidores do nazismo, e que não eram somente coadjuvantes passivos da obstinação de Hitler. Ainda que o intuito inicial tenha sido um insucesso, a vontade desses homens - e de muitos outros, foi cumprida a duras penas.
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