sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Copacabana



Quando conheci o Odyr, ele era meu chefe. Mas não era um chefe como os outros que eu havia tido até então. Era um chefe colega, e que se tornou amigo pelas conversas tantas - e quase nenhuma relativas ao nosso trabalho na empresa. Havia ainda nas conversas (e na empresa) o amigo Julio, primo de Odyr, também apreciador de quadrinhos. Entre música e arte, assuntos frequentes entre nós, caíamos nos quadrinhos. Desde os americanizados super-heróis até mestres europeus, tudo fazia parte da pauta. E muitas vezes ficavam os dois, eu e Julio, embasbacados com a sabedoria do mestre Odyr... Opa, mas peraí, quando o cara se transformou em mestre?

Buenas, aprendizes que éramos, Odyr era uma espécie de Yoda pra gente, alguém que conhecia muito (mas muito mesmo) sobre quadrinhos e arte em geral. Quando achávamos que conhecíamos bastante, lé vinha o Odyr com algo novo. E assim seguimos, até que pelas andanças da vida, cada um foi para um lado - e o "lado" do Odyr foi mais longe, cruzando algumas fronteiras internas do país e aportando no Rio de Janeiro.

De lá, resumindo bem a história, voltou com um livro pronto, feito com roteiro do Lobo e suas ilustrações. Convidado para o lançamento e autógrafos aqui em Porto Alegre, fui sem pestanejar. Do reencontro com o amigo, saí de lá com a obra e, pouco tempo depois, já havia lido, analisado e concluído: mas que baita livro! A história, que envolve o panorama do bairro de Copacabana, com todos seus personagens característicos num traço pra lá de único, prende atenção até o fim, sem perder o embalo cinematográfico - ou de uma minissérie. A divisão em capítulos é o respiro que convida a continuar em seguida, no afoito de descobrir o que acontecerá com Diana, a heroína (ou anti-heroína?), com seu namorado (ou seria pseudo-namorado?) e com todo o rolo que desenvolve ela e todas as personagens nas areias, nos bares e na noite de Copacabana.

O traço - de novo, único - de Odyr dá o clima perfeito para a obra. É notória a evolução ao longo do livro, feito em muitos meses, cada capítulo desordenada e propositalmente. As imagens noturnas, minhas preferidas, abusaram do autor suas sombras e nuances, e a dramaticidade crua das cenas do submundo, mostrando sua realidade em preto-e-branco - com o perdão do trocadilho. Uma obra em quadrinhos obrigatória, enfim.

Deixo por último um pedido ao amigo Odyr: queremos mais! Enquanto isso, ainda me divirto com uma ilustração feita há muito tempo, dos tempos da Av. Ipiranga...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009