domingo, 15 de fevereiro de 2009

John Frusciante - The Empyrean

Ouvir John Frusciante solo é uma experiência muito oposta a ouvir a banda que o apresentou, o Red Hot Chili Peppers. Enquanto no grupo ele adiciona as guitarras funkeadas, punks e até melodiosas, os solos simples e eficazes e os backing vocals cada vez mais presentes, em sua trajetória solo o psicodélico anda de braços com o experimental. Sorte nossa.
No décimo trabalho solo - o cara é workaholic, além de tudo - essas características se definem mais ainda. Um amadurecimento que custou tempo, mas chegou em forma de um disco bom (o terceiro, To Record Only Water for Ten Days) e um sucessor que beira a perfeição, Shadows Collide With People. Daí, John gravou mais três discos no mesmo ano (workaholic, lembra?!), participou de mais uma banda (Ataxia) e ainda excursionou e gravou com o Chili Peppers. Ufa!
The Empyrean foi apresentado oficialmente na semana passada, e traz tudo o que Frusciante vem aperfeiçoando desde Shadows - a psicodelia, ruídos marcantes, as belas melodias, os solos intermináveis e a viagem quase transcendental das músicas longas e reflexivas. Parece descrição de alguma viagem de chá de cogumelos, e talvez seja. Vejam a explicação do próprio para sua obra:

"The Empyrean é uma história que não tem nenhuma ação no mundo físico. Ela ocorre nos espíritos de todas as pessoas ao longo de suas vidas. O único outro personagem é alguém que não vive no mundo físico, mas está lá dentro, no sentido de que ele existe nas mentes das pessoas. A mente é o único lugar que nada pode ser tão verdadeiro para existir. O mundo exterior é apenas conhecido para nós como ele aparece dentro de nós pelo testemunho dos nossos sentidos. A imaginação é o mais real do mundo que nós conhecemos, porque cada um sabe em primeira mão. Ver as nossas ideias tomando forma é como ser capaz de ver o sol nascendo. Não temos equivalência ao grau de pureza disto no nosso mundo exterior. No mundo exterior, parece que cada um de nós somos uma coisa e sempre também uma infinidade de outras coisas. Dentro para fora e de fora para dentro são intermináveis. Tentamos achar uma forma de respirar."

Mas não se assuste. O disco é fácil de ouvir, principalmente com a participação de um time de peso que alimenta uma cozinha afinada com o músico - Flea, o companheiro dos Peppers, toca em metade do disco. E ainda assim, Frusciante é vocal, guitarra, violão, teclados, piano, baixo, sintetizadores, percurssão... sem falar na alma do disco. E acho que assim dá pra definir bem o que tem dele ali, seu empenho total e o desligamento com qualquer tipo de crítica - afora a sua própria.

Confira uma palhinha do disco novo, a bela God



Enjoy it
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