sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Questões xenófobas

Sobre a moça que foi atacada na Suíça e teve o corpo marcado com a sigla de um dos principais e mais antigos partidos do país dos Alpes. No ataque a mulher, grávida de gêmeos, perde as crianças. É brasileira, e para azar da Suíça, é filha de secretário parlamentar. Se tudo for verdade, o que impressiona ainda é o racismo, o preconceito ainda ser tão forte - e não só lá, mas em todo o planeta. Em pleno século 21, isso não deveria mais ser admissível. Mas não: a evolução dos anos não leva o progresso do ser humano junto, e as crises econômicas são muito mais importantes que as crises humanitárias. E elas estão sempre presentes, mesmo pra quem não as vê.

O que irrita mais ainda, quando finalmente algo dessa magnitude vêm à tona de uma forma mais visível (obrigado, mídia!), são os absurdos que se lê, vindos das declarações daquele país, como

"não se pode excluir a possibilidade de autoflagelação. Se essas pessoas (os agressores) são de fato do partido, serão expulsas, mas primeiro precisamos saber se tudo isso de fato ocorreu",

dito por Oskar Freysinger, um dos principais nomes do tal partido, o SVP, sigla de Centro de União Democrática (!!). Li bem? É, Democrática mesmo, com um cartaz assim, ó:


e que sugere a autoflagelação de uma mulher grávida, com as letras de um partido "democrático" - que não quer ninguém de fora do país ali ocupando espaço. Claro, autoflagelação faz todo o sentido. Engraçado foi ela ter ido à polícia, já que os que se autoflagelam não costumam reclamar depois. Imagina a fila depois das procissões religiosas, então! Ah, e tem as letras, que a polícia de lá disse que

"investiga em todas as direções. No comunicado, evitou classificar a agressão como ataque racista e não mencionou que alguns dos cortes no corpo da brasileira formavam a sigla do SVP. Mencionou apenas ferimentos em forma de "letras"

que coincidentemente, eram as mesmas do partido! É, tá certo, acho que não tem nada a ver mesmo. Pura perseguição dessa intrusa brasileira no território. E... ei, aquele ali passando não é o Papai Noel?

Espero sinceramente que a indignação brasileira, por meio dos seus representantes legais, seja mais forte do que simples papéis de fax escritos "estamos chateados com vocês". Nada vai trazer de voltas as crianças, e as cicatrizes dessa moça não serão resolvidas só com plástica. Uma cirurgia mental é necessária por lá.

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Em tempo, o que diz ali no cartaz, enquanto a ovelha branca com cara de mimosa empurra delicadamente a pretinha para fora do terreno suíço, é "para criar segurança". Não seria o contrário? Tá, estou sendo maldoso, desculpe. Mas o solzinho risonho no canto inferior direito é uma graça, não?
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